Suplementação de Primípara

Hoje, na atividade de cria deve buscar uma matriz que produza um bezerro por ano. O tempo médio de gestação de uma fêmea bovina é de 290 dias e após o parto são necessários 30 dias para que ocorra a involução uterina e a fêmea fique apta a entrar em reprodução novamente, com isso para que esta matriz produza um bezerro por ano ela terá apenas 45 dias para que se torne gestante.

A ausência de atividade ovariana (anestro) após o período de involução uterina no pós-parto é o principal fator que interfere uma matriz de ficar prenha. Os principais fatores ligados ao anestro pós-parto são: raça, presença do bezerro junta a mão (efeito mamada) e o escore de condição corporal (ECC).

Para primíparas o grande desafio é a perda ECC no pós-parto e consequentemente baixo ECC durante a estação de monta (principalmente no momento da IATF). Após o parto a fêmea entra em balanço energético negativo, o que resulta em perda de ECC e isso aumenta a mediada que aumenta os dias pós-parto.

 

No Brasil, os animais têm o período final de gestação em época de menor disponibilidade de alimento, em termos de quantidade e qualidade, levando restrição nutricional. Em primíparas o efeito da restrição nutricional devido à baixa oferta e qualidade de forragem é mais acentuado, devido a sua maior demanda nutricional, pois ainda estão em crescimento. Segundo o NRC primíparas tem que atingir 80% do peso adulto até o primeiro parto, isso leva a maior exigência nutricional por parte deste animal, que após o parto só vai entrar em reprodução novamente quando atender suas exigências de mantença, lactação e crescimento.

Ainda segundo o NRC, do oitavo para o nono mês de gestação, ocorre aumento de 55% na exigência energética para gestação e, do primeiro para o terceiro mês pós-parto, a energia necessária para lactação aumenta 40% e, se essa maior demanda por nutrientes não for atendida pela forragem disponível, resultará em balanço energético negativo, com intensidade variada conforme a qualidade e a quantidade da forragem.

 

Devido a este fator trabalhos vem mostrando que o ECC no momento do parto é o fator de maior importância para esta categoria de matrizes, pois maior ECC ao parto indica maior ECC no momento da IATF o que resulta melhor taxa de prenhez. Assim a utilização de suplementação para esta categoria é de estrema importância para corrigir deficiências nutricional, aumentar o consumo de pasto no período seco do ano, melhorar o GMD e melhorar o ECC destas matrizes. A suplementação para matrizes primíparas deve começar no pré-parto com a finalidade de melhorar o ECC destes animais e continuar após o parto para diminuir a queda do mesmo e assim chegar no momento da IATF com melhor ECC, traduzindo em maior número de animais gestantes ao final da estação.

 

Referências

 

Cadó, L.M. Manejo nutricional de vacas primíparas aos 24 meses de idade. 2016.68f. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2016.

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National Research Council (NRC). Nutrient requirement of beef cattle. 7. rev. ed. Washington, D.C.: National Academy Press, 1996. 242p.

Vasconcelos, J.L.M., Rodrigues, A.D.P., Peres, R.F.G. 2018. Escolheu a genética? Agora tem que emprenhar. Entendendo o conceito Boi 777, 1ed. Gráfica Multipress. Jaboticabal, SP, Brasil, p.65-78.